sexta-feira, 27 de novembro de 2009

49 em cem vagas do ensino superior do Brasil ficam ociosas, mostra censo

Simone Harnik
Em São Paulo
Atualizada às 15h36

A cada cem vagas autorizadas no ensino superior brasileiro, 49 ficam ociosas. A informação é do Censo da Educação Superior, divulgado nesta sexta-feira (27). Ao todo, 1,479 milhão das carteiras que poderiam ser ocupadas em cursos presenciais de universidades, centros universitários e faculdades permaneceram vazias - elas representam 49,6% do total de vagas de ingresso.

O número de vagas ociosas teve um crescimento de 11,6% de 2007 para 2008. O mais expressivo aumento ocorreu na rede federal de ensino, que teve o número de vagas ociosas mais do que duplicado.


Em porcentagem, o aumento de vagas ociosas na rede particular de ensino foi de 10% e não chega nem perto do registrado nas instituições federais que subiram a diferença em 117% - a taxa em 2007 era de 2,19% e, em 2008, chegou a 4,36%.

No entanto, em termos numéricos, as instituições privadas ficam com 98% das cadeiras não preenchidas em todo o país. São 1,442 milhão de vagas com funcionamento autorizado que não chegam a ser ocupadas. As particulares poderiam oferecer 2,641 milhões de vagas em processos seletivos, segundo o censo - sendo que 54,6% delas ficaram ociosas.

Ainda em números absolutos, as federais são responsáveis por 7.387 vagas não preenchidas. Maria Paula Dallari Bucci, secretária de Ensino Superior do MEC (Ministério da Educação), chama a atenção para os índices de aumento de número de vagas em comparação ao contingente de ingressantes: as federais aumentaram suas vagas em 9,33% e elevaram o número de calouros em 6,91%. No cenário geral do ensino superior, o aumento de vagas ficou em 5,71% enquanto a taxa de ingressantes alcançou 1,61%.


O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, explica: "esse número de vagas ociosas não quer dizer que tenha curso ocioso ou que existam vagas ociosas [não preenchidas]". Segundo ele, esse dado é "complicado", porque representa o volume de vagas que as instituições estão autorizadas a oferecer. E, as instituições particulares tinham por hábito formar um "estoque" de vagas - elas pediam autorização para funcionar com cem vagas, por exemplo, mas isso não quer dizer que todas as cem vagas serão oferecidas de fato aos futuros universitários.

Isso acontecia, na opinião de Maria Paula Dallari Bucci, secretária de Ensino Superior, porque o processo para abertura de cursos e vagas era muito lento. "Tem havido um trabalho muito intenso nos últimos três anos para o novo marco regulatório, que passa por um processo mais preciso", explica Maria Paula dizendo que esse comportamento de as particulares formarem estoque de vagas tende a diminuir e o número de vagas ociosas tende a ficar mais próximo do real.


Número de vagas sobe mais que o de ingressantes

De 2007 para 2008, o número de vagas aumentou 5,7% e o número de calouros nas faculdades subiu bem menos: 1,6%. De acordo com relatório do MEC (Ministério da Educação), ainda é preciso investigar os motivos para o não-preenchimento.

Ao todo, 5.534.689 de candidatos concorreram às vagas de graduação, com maior disputa no sistema federal (8,8 c/v) e nas estaduais (8,1 c/v).

O que é o Censo

O Censo da Educação Superior é realizado anualmente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A edição de 2008 foi feita com base em informações coletadas entre os dias 25 de março e 12 de junho de 2009.

As instituições de ensino superior devem responder um questionário eletrônico preparado pelo Inep, com perguntas sobre seus cursos de graduação, sequenciais, vagas oferecidas, inscrições, matrículas, concluintes, e professores.

UOL

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